Logo eu ..

Eu precisava me devolver, sabe? Devolver-me os minutos que perdi e o amor que investi. Logo eu tão cheia de mim, tão inteira, me deixei perder-me pelas estribeiras. Eu tão dona das minhas vontades, planos, viagens. Eu que só sei sentir e senti muito. Mas compensei no fim amando-me dez vezes mais, entende Isso? Pois sou o meu bem mais valioso e mais difícil do que perder alguém é se perder pelas linhas de fundo. Foi difícil, levou um tempo, porém cicatrizei, óbvio que doeu, mas foi curando na mesma medida, até renascer feito uma fênix das próprias cinzas. Eu precisava de você, mas entendi que não iria muito longe sem mim. E sendo minha, já não sou mais sua, mas mantenho-me com aquele sorriso de orelha a orelha e aquela mania absurda de fazer carinho sem tocar as mãos. Eu que fui tão sua e você deixou escapar entre seus dedos, tão fácil como o vento que bate e bagunça seu cabelo. Logo eu que sou praia, trilha nas pedras e um desejado banho de mar, feito um surfista que ama as ondas intensas e temperadas com o sal, não poderia desejar outra coisa a não ser me pertencer e me bastar. Então ou você surfava comigo ou ficava na areia a me admirar, tolo foi você que não soube aproveitar, logo eu, que fiz sempre nascer uma rosa entre as pedras do teu jardim e no fim, depois de tudo, imaturo seria não reconhecer que minha maior especialidade era ser flor no meio do caos. E agora rapaz, eu também sei, mas serei apenas pra quem merecer!